Há aldeias no interior de Portugal onde já não se ouvem crianças. Onde as portas permanecem fechadas há anos. Onde o sino da igreja só toca para lembrar que mais um se foi.
Em locais como Penedono, Sortelha, ou Rio de Onor, o que resta são memórias — e dois ou três rostos envelhecidos que se recusam a partir.
O mundo urbano cresceu. E com ele, os campos ficaram para trás. Mas a alma portuguesa nasceu entre montes, oliveiras e lareiras. Se essas raízes morrem, que futuro terá o país?
Portugal não é só Lisboa e Porto. É também as mãos gretadas de quem ainda semeia. É a avó que nunca saiu da serra. É o forno a lenha, a taberna, o coreto onde já ninguém dança.
Talvez ainda vamos a tempo.